terça-feira, 23 de outubro de 2012

Não eras tudo mas eras muito: eras tristeza, eras mágoa, eras pão, eras água.
Eras quem escolhi, quem quis, quem nunca tive, quem perdi.
Eras muito mais do que a capa do livro que eu nunca li.
Fiz planos para dois, guardei palavras, guardei tostões, guardei lágrimas.
Lembrei-me do passado, pensei num futuro, lembrei-me de ti, saltei o muro e caí.
Lembrei-me sempre de ti mas esqueci-me de mim.
Hoje questiono porquê se já nada se vê,
se não me lembro onde me deixei, se de nada serve e já nada sei.
Limito-me a pensar, amanhã será um novo dia, só quero dormir e não voltar a acordar.

[RC]



domingo, 7 de outubro de 2012


"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares
Sinto tudo o que sinto.
Sinto tudo e não sinto nada.
Penso em tudo o que me fez feliz,
penso em tudo o que me destruiu,
penso em tudo e não penso em nada.
Se dependesse de mim livrava-me de ti.
Inimigo de mim própria, minha sombra, minha alma.
Quero deixar-te para trás, minha droga, meu tormento.
Triste viver e achar que não vivi
Triste desconfiar da felicidade
quando em tempos ela bateu à porta
Vejo o poço, mas não lhe vejo o fundo.
Vejo o mundo, mas não lhe vejo o começo
vejo apenas o aceno do fim.

[RC]